Alice Valente Alves


– 2003 a 2008

«CORPOtraçoCORPO – a poesia e a pintura» de ALICE VALENTE

Projecto multidisciplinar que teve início  em 2003, e que integra poesia e pintura assinados pela mesma artista.

D E S C R I Ç Ã O :

«CORPOtraçoCORPO – a poesia e a pintura» é a comunhão da exposição do movimento de:

  • imagens poéticas – CORPO vivo com
  • imagens pictóricas – CORPO ficcionado.

Com um diálogo próprio este projecto trata o articular a questão do ver e o de comunicar o resultado dessa mesma visão.

O traço ou cor, na poesia e na pintura do CORPOTtraçoCORPO trespassa em unicidade a «não cor» do preto e branco e, será o elo, a ligação ou o equilíbrio entre a divisão, de tudo aquilo que é contrário em atracção, de corpos, de seres, ou do próprio Ser ou CORPO, entre o exterior e o seu interior, entre o dia e a noite, entre o homem e a mulher ou seja, «em-entre» tudo aquilo que embora pareça ser divisível, nocivo, incompatível, competitivo ou adverso, o não seja mas sim, um avesso ou reverso, fundamental, necessário e imprescindível à completa aparente perfeição.

O traço apresenta-se na poesia através da palavra da cor e na pintura através da cor da palavra e, representa o equilíbrio ou a harmonia, o que vem entre um e outro, o outro que pode ser o nosso próprio outro ou o outro própriamente dito, em conhecimento ou desconhecimento…

O nove presente no traço da cor e no traço da palavra, surge como o novo, o último dos números, representa assim o nascer, o cuidar beneficamente do ressurgir, em criatividade, o seguinte, o próximo, que virá em sua contemporaneidade, numa antevisão comprazer do que irá ser conhecido ética e esteticamente, no antes do todo em seu próprio desconhecimento…

a poesia surge na conceptual relação da importância da palavra com o pictórico, presente no título das obras e em que irá corresponder a cada obra em seu título, um poema com o mesmo título.

a pintura é compreendida com 9 obras em díptico para cada uma das 9 cores, com o formato de 81x130cm, apresentadas na verticalidade ou na horizontalidade.

9 cores x 9 obras = CORPOtraçoCORPO = 81 obras com 81 poemas

Após as séries de exposições, está previsto uma exposição final com a presença de todas as obras, aquando do lançamento do LIVRO com o mesmo nome do projecto, contendo 81 poemas e ilustrado com as 81 obras, em que a cada obra em seu título irá corresponder um poema com o mesmo título.

As 9 cores do projecto «CORPOtraçoCORPO – a poesia e a pintura»:

1ª cor Vermelho traço: Vermelho

2ª cor Castanho-Terra traço: Castanho-Terra

3ª + 4ª cor Água-Azul-Céu traço: Água-Azul-Céu

5ª + 6ª cor Laranja-Lima traço: Laranja-Lima

7ª cor Verde-Oliva traço: Verde-Oliva

8ª cor Verde traço: Verde

9ª cor Cor Pele traço: Cor Pele

Até ao momento, foram já expostas e apresentadas 8 das 9 cores: vermelho, castanho, água-azul-céu, laranja-lima,  verde-oliva e verde.

E o traço:cor de pele encerrará o ciclo das 9 cores

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E X P O S I Ç Õ E S :

  • 18 Setembro 2003 – GALERIA VÉRTICE – Lisboa.

traço:Vermelho estreou-se como a cor primeira e vital da assinatura do CORPOtraçoCORPO.

4 das 9 Obras em díptico do traço: Vermelho com os respectivos títulos:

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  • 20 Dezembro 2003 – Academia de Artes ESPASSOLATINO – Lisboa

traço:Castanho-Terra …surge como segunda cor do movimento do projecto.

4 das 9 Obras em díptico do traço: Castanho-Terra com os respectivos títulos:

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traço:Vermelho e traço:Castanho-Terra …estiveram reunidas

  • 4 Março a 16 Abril 2004 – SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES – Lisboa

na INAUGURAÇÃO: Apresentação da Improvisação para música e dança «Compota» de Paula Pinto e Vítor Garcia com sessão poesia interpretada por Luísa Venturini

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  • 19 Outubro 2004 – Galeria Fernando Pessoa – CENTRO NACIONAL DE CULTURA – Lisboa

traço:Água-azul-céu… é a designação da 3ª e 4ª cor das nove cores do projecto, em que os traços dos azuis, apresentados na horizontalidade, se espelham, diluindo-se numa única cor nos nove grupos de dois dípticos.

6 das 18 Obras em díptico do traço: água-azul-céu com os respectivos títulos:

na INAUGURAÇÃO: Colóquio sobre o projecto CORPOtraçoCORPO com a presença do Professor Drº Guilherme D’Oliveira Martins, Dr. José de Sousa Machado e a autora:

(…) desta exposição de pintura da Alice Valente ; a quarta de um ciclo de nove exposições, cada qual subordinada a uma cor – ou, dito de outro modo, correspondendo cada uma a um tipo de energia específica, correlacionável com uma exacta frequência de propagação da luz ou de irradiação – e que se desdobrarão ao longo do tempo, complementando-se e esclarecendo a coerência interna deste projecto multifacetado.

Se a presente exposição versa sobre o Azul-água e o Azul-céu, ela sucede a duas outras que tematizaram respectivamente o Vermelho – sanguíneo e vitalista – e o Castanho-Terra, a cor do húmus, ventre da Deusa-Mãe.
Por outro lado, “CORPOtraçoCORPO” – assim se intitula este projecto pluridisciplinar – propõe uma articulação livre e dinâmica entre a pintura, a poesia, à imagem do movimento musicado de suas disciplinas dando voz a uma particular inclinação sensível do corpo, do corpo físico. Este entrecruzamento de disciplinas criativas não obedece a nenhum programa com intencionalidades pré-definidas; pelo contrário, tentando conciliar afinidades e sensibilidades artísticas diversas, Alice Valente desbrava um caminho de realidades ainda sem forma e sem Nome, instauradas na experiência do instante em que se manifestam.

Ou seja, aquilo que vemos é mais o resultado de uma procura do que o enunciado de uma experiência consumada. E é justamente na assumpção do improvável, do ainda não nomeado, que reside a beleza deste projecto e, em particular, a qualidade e beleza destas pinturas que nos interrogam, misteriosas, do fundo do seu novelo gasoso indiferenciado, pedindo-nos que colaboremos com disponibilidade visual para a instauração de um território mental onde, também elas, adquiram o seu espaço de intervenção activa. A sua força reside, então, na sua doce interrogação comunicada.

Estranha forma esta de a arte e o pensamento singular, exprimindo o inominável – porque ainda incriado -, alimentar-se do fio da navalha, modelando uma Identidade sempre nova e sempre única sobre o terreno movediço e indistinto do caos, almejando suplantar o tempo sucessivo em proveito do ‘tempo instante’ ou – como afirmou Mestre Eckhart – deste ‘agora eterno sempre novo’.
Referindo-me, agora, especificamente à pintura exposta de Alice Valente, prefiro não me ater ao seu discurso sobre aquilo que faz e ‘porque’ o faz, mas tentar, a partir da minha experiência visual e vivencial, construir uma ponte através da qual ambos possamos circular livremente. A pintura está içada nas paredes desta galeria perante cada um de nós – ante o nosso olhar curioso ou em dormição; convida-nos para uma relação, em que também somos convidados a participar.
Cada pintura – e a própria montagem da exposição o acentua – privilegia a dualidade, a relação entre uma coisa e o seu contrário, mas com a particularidade de apontar para a superação deste estado de ruptura interior; seja por um regresso à unidade original, expresso nos mitos de origens, quanto por um movimento escatológico, de mergulho na indiferenciação do caos, projectando a renovação para um futuro idealizado. Posso olhar para esta pintura como paisagens atmosféricas, lunares, aquosas em excesso, onde a gestação da vida se produz lentamente, sem interferência explícita da vontade. Recordam-me os ambientes encharcados de Tarkovski, cheios de água, onde tudo goteja e é poça de água, numa espécie de lavagem, de ablução, de banho espiritual e comunhão com a criação.
Com uma depuração cromática invejável, a artista procura através da convivência dos contrários – claro/escuro, côncavo/convexo, superior/inferior – restaurar o estado de indistinção original (…)

Excerto da Intervenção de José de Sousa Machado (crítico de Arte)

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  • 30 Setembro a 27 Novembro 2005 – Salão da Igreja * POUSADA de SÃO FRANCISCO – BEJA (Pax Julia)

traço:LaranjaLima é a designação da 5ª e 6ª cor das nove cores do projecto, duas cores conjuntas apresentadas na verticalidade, lado a lado, Alimento-Vida, em que é referenciada a importância do alimento da vida com o alimento na vida, doce e ácido, respectivamente na cor da laranja e na cor do limão.

* antigo convento franciscano do séc. XIII

4 das 18 Obras em díptico do traço: Laranja-Lima do CORPOtraçoCORPO com os respectivos títulos:

30 Setembro 2005 na INAUGURAÇÃO: >>> doc_Convite Email – Inauguração

Abertura da Exposição por Profº Dr. Guilherme D’Oliveira Martins, Presidente do Centro Nacional de Cultura.
Dr. Luís Ribeiro, Administrador da TMN, fez referência ao projecto CORPOtraçoCORPO com o i9-TMN.
Citação ao projecto de poesia e pintura de Alice Valente pelo poeta Prof. Dr. Alberto Pimenta lida pelo actor Fernando Ferreira.
Breve sessão de poesia por Fernando Ferreira.
O Conservatório Regional do Baixo Alentejo apresentou um excerto de um trabalho inédito em composição musical pelo maestro e compositor Roberto Perez.
Seguiu-se um Jantar no Restaurante da Pousada em cores laranja-lima e para terminar: “O Verbo e o Gesto” – declinações interpretadas por Luísa Venturini.

(…)
Fica ainda no entanto uma possibilidade, que não tem sido muito explorada: partir da própria matéria da pintura, ou seja, da cor, como tema absoluto, tal como Alice Valente faz.

(…)
O projecto ( work in progress ) de Alice Valente parte ele também da vivência da cor, mas dum modo não limitado a uma experiência social e humana no tempo. Não me parece sequer que haja uma técnica que se estende a todas as cores escolhidas e representadas; julgo que se pode dizer que cada uma delas resulta (resultou) de sensações e sentimentos que conduzem à cor, e esta à forma e à textura. Comum a todas elas é talvez o predomínio do orgânico, não exactamente como forma de um conteúdo (pois os conteúdos formalizados nunca serviram outra coisa senão as diversas técnicas), mas como padrão. E porque neste projecto a própria escolha das cores (vermelho, castanho-terra, cor de pele, agridoce do laranja-lima) assim está orientada.

Alice Valente não usa de resto nenhuma das simbologias já estabelecidas das cores, antes cria um sistema de sentir a presença da cor no mundo (à maneira de Rimbaud nas “Vogais”). Pelo modo como incorpora o mundo, a sua luz e a sua sombra, talvez se aproxime, mas sem a menor observância rígida, das fases alquímicas: o acre, o doce, o amargo, o cálido, e depois a conjugação (o amor), a própria linguagem.

A linguagem, que neste caso se torna autónoma, acompanha como poesia de apurados contornos maneiristas, reflexiva e muitas vezes existencialmente angustiada, os padrões que as cores desentranham na tela (nas telas: pois são dípticos). Mas julgo que é a cor, não a palavra, que adquire o estatuto de essência, e aí reside a sua força e originalidade. Tal como no poema de Alberto Caeiro: “a cor é que tem cor nas asas da borboleta”.

Se Picasso no último ano da Segunda Guerra disse que “a paleta está de luto”, podemos agora dizer que neste caso a paleta se torna um eco do mundo, desde os azuis cósmicos até à terra onde o corpo se manifesta ou de que se manifesta.

CORPOtraçoCORPO, apesar desta aparente simplicidade (que se calhar é só minha), tem múltiplos sentidos. É Cor,Corpo, Texto/Textura, e outras relações combinatórias e derivadas, que cada um é livre de realizar. Nas realizações que assim forem feitas encontrará o embate luz-sombra que, segundo Goethe, é a origem de todas as cores (“Os olhos não vêem formas, mas luz transporta em cor”).

São nove as fases deste projecto, onde “nove”, tal como na Vita Nuova de Dante, se associa ao “novo”, por paronomásia. Ao fim de dois terços do projecto, creio que já estamos em condições de considerar que ele é uma forma magnífica de responder ao desiderato de Raoul Dufy: “Precisamos na pintura de algo mais do que apenas a satisfação de ver”.

Alberto Pimenta (Poeta, Ensaísta e Professor)

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1 Outubro 2005Dia Mundial da Música

 

  • 17h00, no Teatro PaxJulia, Concerto organizado pelo Conservatório Regional do Baixo Alentejo e às
  • 21h00 na Pousada de São Francisco em Beja assistiu-se ao Espectáculo de Música e Poesia por Henrique Matos.

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na SEMANA de 14 a 19 Novembro 2005 :

ESCOLAS E ATELIERS | VISITAS GUIADAS E COMENTADAS | CONCERTOS | COLÓQUIOS

PERFORMANCES DE MÚSICA E POESIA

  • >>> doc_CONCERTO «Baroque & Blue» – Violino, Violoncelo e Flauta – comentado pelo violinista J.PedroCunha
  • >>> doc_Colóquio «o movimento da imagem com e sem palavras» pelo compositor e maestro Roberto Pérez
  • >>> doc_Dina Resènde ao piano, interpretou Débussy.

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CONTINUA com a Informação de 2008 a 2011 :


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